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Clóvis Melo

Transição de governo e fadiga política

Equipes de transição realizaram várias reuniões, desde outubro de 2024

Foto: Rafael Macri / PMM
Transição de governo e fadiga política Reunião das equipes de transição, dia 22 de outubro

No ano passado, mais especificamente no dia 22 de outubro, aconteceu a primeira reunião da transição de governo na Prefeitura de Maringá. Da administração que saía e do grupo que entrava foram escolhidos nomes para compor a comissão de transição. Iniciaram-se as solicitações de dados, documentos, informações, conversas em cada secretaria.

Todas as informações requeridas foram entregues, e isso foi norma em todas as secretarias. Tudo era respondido por via documental e devidamente registrado. As solicitações da atual administração foram atendidas na totalidade em novembro. 

Registro

Bem diferente do que aconteceu em 2016 onde, além de não haver transição, arquivos sumiram, informações foram deletadas de computadores e até uma escuta foi encontrada na sala do Chefe de Gabinete. 

Trocando em miúdos

Esse prefácio é necessário. Explico.

Se os problemas que a cidade vem apresentando foram causados pela gestão que saiu (como a administração atual e uma parcela da mídia estão empenhados em fazer a população acreditar), essas questões já eram de conhecimento de Silvio Barros e equipe ainda em dezembro, ou antes, por força da transição. 

Sendo a premissa verdadeira, o que deveria ter sido feito, então? 

Já no início da nova administração, ou até mesmo quando tomaram conhecimento no ano passado, a estratégia seria falar sobre os problemas e preparar a população para os transtornos.

Não foi o que aconteceu. Se as informações que possuíam apresentavam tal quadro caótico, não se sabe o que a atual gestão fez com elas. Pelo andar da carruagem, e pelas constantes críticas à gestão anterior, ou não é verdade, ou é e nada foi feito. Qualquer uma das opções anteriores é ruim, não sei qual a pior.

Tradição

É recorrente jogar toda a culpa na administração que deixou o governo. Ganha-se um tempo maior de respiro, ou era assim até um tempo atrás.

O fato é que a transição tem por objetivo dar a solução de continuidade aos serviços públicos, que seguem devendo ser prestados ininterruptamente seja lá o grupo político que assumir a gestão. 

Educação

O sinal de alerta tocou ainda quando da confusão das filas para matrícula nos CMEIs, em janeiro. Silvio foi ao local, disse que aquilo não era inteligente, passou um sabão no recém-empossado secretário de Educação e pediu providências. 

Três vereadores lá apareceram, gravaram vídeos e entraram com um projeto “inovador” de obrigatoriedade de matrículas online. Tudo devidamente registrado nas redes sociais. 

Estava pronto

Primeiro detalhe: o programa para as tais matrículas, iniciado muitos meses antes, já estava pronto  e essa informação foi repassada à comissão escolhida por Silvio. Bastava a nova administração fazer um simples trâmite de documentos, no início de 2025, com a Secretaria de Estado da Educação. Não fez - ou se fez, não foi a tempo. Deu no que deu. 

Segundo detalhe: além do prefeito, um dos vereadores que foi no CMEI participou da comissão de transição, mas não sabia da existência do software na Secretaria Municipal de Educação – ou sabia, e tentou “dar uma de esperto”.

A culpa é deles

Entrevistas de secretários afirmando que havia recursos para obras que seriam perdidos por falta de cumprimento de prazos, com cara de surpresos, não colam. Um dos itens da transição de governo é entregar a documentação com todos os convênios relativos a obras, seja em projeto ou em execução, seus prazos e demais detalhes. Isso foi entregue e devidamente registrado, como todas as informações pedidas pela comissão de Silvio. 

Dizer que o mato toma conta da cidade porque não foi cortado nos últimos três meses do ano é falácia. Basta pegar os relatórios de roçadas e da programação de serviços, na Secretaria Municipal de Limpeza Urbana – relatórios que foram entregues na transição. 

Espera-se mais dos secretários municipais do que ficar jogando para a torcida e culpando quem não está mais lá pelas dificuldades em transformar em realidade tudo aquilo que prometeram na campanha. 

Turismo

As viagens do prefeito para a Europa, prefeita em exercício para Foz do Iguaçu e secretários municipais para Cascavel  - tudo ao mesmo tempo - não ajudam. 

Com tanta gente da administração fora da cidade nas mesmas datas, quem ficou cuidando de Maringá? 

Mas, se é para fazer do limão uma limonada, parece que o turismo será uma área muito ativa na gestão de Silvio e equipe.

Polêmicas

Das muitas polêmicas da nova gestão, em menos de 60 dias, estão o fechamento da ala pediátrica do Hospital Municipal e do PAC, a promessa da regulamentação das 30 horas na Saúde, o matagal avançando, questões da coleta de lixo e de recicláveis, a possibilidade cada vez mais concreta das equipes esportivas da cidade perderem competições nos próximos meses por falta de recursos, a cobrança dos administrativos pela isonomia, a garantia de uma zona de processamento de exportação no aeroporto, um centro computacional de dar inveja à NASA, uma viagem à Europa menos de 45 dias após a posse… 

Em meio aos problemas e às reclamações que se multiplicam mais e mais, Silvio manda um vídeo direto de Portugal apresentando uma ideia de praça musical.

Maringá merece mais.

Novos tempos

Falta a Silvio, e a boa parte de sua equipe também, entender que o mundo no qual ele foi prefeito pela primeira vez, há 20 anos, não existe mais. Um mundo onde as cobranças eram raras, a administração fazia o que bem entendia, os servidores eram tratados com desdém e os cidadãos passavam à margem da gestão. 

A lua de mel da administração não dura mais um ano inteiro, a população está cada vez mais impaciente e insatisfeita, e comunica isso pelas redes sociais – basta ver os comentários nas postagens no perfil do prefeito. 

A comunicação é o principal meio de apaziguar os ânimos, informando o que está sendo feito, quanto tempo vai levar, o custo... Até o momento, nada disso apareceu na atual administração. 

Fotos de mato cortado, entrevistas de secretários culpando a administração anterior e registros de viagens com ideias mirabolantes não mudarão o sentimento da população e, se o fizer, será para pior.

Mudança

Uma foto postada na semana passada pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Maringá (SISMMAR) chamou a atenção. Nela, dirigentes sindicais aparecem reunidos com a administração municipal. Que administração? Dois superintendentes de secretarias municipais, cargos cujo poder de decisão é próximo de zero. 

Se é para falar de gestão anterior, basta lembrar que todas as reuniões da administração Ulisses Maia eram feitas no mínimo com secretários municipais – isso quando o próprio prefeito não participava. 

Os servidores merecem mais.

Sinais, fortes sinais

Os sinais de fadiga política estão chegando bem mais cedo do que se imaginava.



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