Marçal manda Bolsonaro cuidar da própria vida: “Em 2026, a gente vê”
Marçal também chamou Bolsonaro de "malvadão"
Bolsonaro e Marçal: relacionamento virou atrito | Foto: Reprodução Depois de ser uma surpresa eleitoral em São Paulo, conseguindo 1.719.274 votos, 28,14%, contra 29,07% de Boulos e 29,48% de Ricardo Nunes, Pablo Marçal parece disposto a manter a estratégia agressiva na atuação política. Em evento, com grande público, gravou um recada para Jair Bolsonaro.
Na gravação, ele fala: "Bolsonaro, toca a sua vida aí, irmão, seja candidato. Deixa eu em paz aí. Estou falando sério, eu gosto de você, fica tranquilo. Toca a sua vida. Eu já vi que tem… todos os bolsonaristas estão querendo se levantar contra mim. Eu estou de boa. Vou fazer o que eu tenho que fazer aqui e, em 2026, a gente vê”.
Marçal continua: “Você tem meu respeito, eu curto você, fica ‘de boa’. Seu problema não é comigo não, é com o STF [Supremo Tribunal Federal]. Tem que ser elegível pra disputar a eleição. Luta por isso e vou estar torcendo por você, você sabe disso”.
Com um tom mais agressivo, afirmou: “Não fica vindo para cima de mim, porque nós não somos do mesmo partido. Eu não devo satisfação para você. Cuida da sua vida, cara. Não tenta ser o malvadão para cima de mim não, porque eu sou uma pessoa boa. Relaxa. Todo dia, uma ‘agulhadinha’, querendo mandar para mim. Só que eu não sou bonzinho. Não fica cutucando não”.
Ainda no vídeo, Marçar ameaçou: “Se o Senhor estiver com você, aqui tem uma declaração minha, eu estou em paz. Se não tiver, o pau vai quebrar”.
Contexto de atritos
Na semana passada, o ex-presidente declarou, em entrevista a uma revista, que é candidato à Presidência em 2026, ignorando a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o tornou inelegível após um processo de abuso de poder em decorrência da reunião que ele convocou com embaixadores estrangeiros, em 2022, para difundir supostas dúvidas quanto à segurança do sistema eleitoral nacional.
Na entrevista, o ex-presidente disse ainda que Marçal teria mentido ao dizer, após um encontro entre os dois, que Bolsonaro o apoiaria.
Marçal, por sua vez, também já declarou intenção de concorrer à Presidência na próxima eleição.
Os dois políticos são do campo da direita e, segundo analistas e integrantes de partidos aliados, disputam o mesmo eleitorado. Antes das eleições deste ano, que chegaram a trocar sinais de simpatia. Em junho, o ex-presidente deu uma medalha que distribui a aliados, com a frase “incomível, imorrível e imbrochável”, um slogan de Bolsonaro.
Porém, na disputa eleitoral, ficaram em campos opostos na eleição municipal da capital paulista neste ano. Isso porque Marçal concorreu contra Ricardo Nunes (MDB), que tinha recebido apoio de Bolsonaro em troca da indicação do vice da chama, Coronel Mello Araújo.
Ao longo da campanha, Marçal disse que a direita “não tinha dono” e fez uma série de ataques a Nunes. Um cinegrafista de sua equipe chegou a dar um soco no marqueteiro da campanha de reeleição do prefeito, Duda Lima – publicitário associado a campanhas do PL e que já havia trabalhado para o próprio Bolsonaro.
