De ressaca com vitória de Trump, Lula adotará pragmatismo na relação com o eleito nos EUA
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adotará uma postura pragmática nas relações com Donald Trump, recém-eleito presidente dos Estados Unidos. O Planalto busca eficiência ao tratar com o republicano, como sinalizado pelo reconhecimento imediato da vitória de Trump, que derrotou a democrata Kamala Harris, preferida de Lula na disputa. Esse reconhecimento imediato marca uma postura distinta de Lula em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que, em 2020, levou 38 dias para parabenizar o democrata Joe Biden.
Embora a mensagem de parabéns a Trump tenha sido ágil, a equipe de Lula vê a vitória do republicano com cautela, temendo uma nova onda de extrema-direita global. Segundo diplomatas e integrantes do governo, o Brasil seguirá uma postura pragmática, distanciando-se de qualquer tentativa de interferência, como aconteceu na recente declaração de apoio de Lula à candidatura de Harris, vista como um erro estratégico.
O entorno de Lula acredita que o pragmatismo deve ser mútuo, uma vez que o distanciamento dos EUA pode intensificar a relação entre Brasil e China, algo que não interessa aos norte-americanos.
Preocupações econômicas e agenda ambiental
Na economia, o protecionismo defendido por Trump é motivo de preocupação para o governo brasileiro, especialmente para exportações de commodities, e a valorização do dólar também pode impactar a inflação. Isso leva a equipe econômica a considerar ajustes fiscais e corte de despesas como medidas preventivas.
Outro ponto de atenção é a pauta ambiental, que pode perder relevância sob a liderança de Trump, uma vez que o tema não é prioridade para o republicano. A próxima COP 30, que ocorrerá em Belém, é vista pelo governo Lula como uma oportunidade de destaque internacional para o Brasil, mas a falta de engajamento dos EUA pode reduzir o protagonismo nas discussões.
Reação de Bolsonaro
A vitória de Trump foi celebrada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seu círculo. Para os bolsonaristas, o retorno de Trump fortalece o movimento de extrema-direita. Durante seu governo, Bolsonaro alinhou-se com Trump em temas como a resistência à tecnologia 5G chinesa e tensões diplomáticas com a China.