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Maringá,21/11/2024

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    Novo curso ofertado no Câmpus Maringá da UEM tem mercado em alta

    Redação Hoje Maringá
    Novo curso ofertado no Câmpus Maringá da UEM tem mercado em alta Além de 20 vagas no câmpus de Ivaiporã, vestibular da UEM disponibiliza 20 vagas para graduação na sede em Maringá. Foto: Divulgação/UEM

    Com o objetivo de expandir a formação de profissionais de Serviço Social e atender a uma demanda crescente por esses especialistas, a Universidade Estadual de Maringá (UEM) passou a disponibilizar 20 vagas para o curso de Serviço Social no câmpus sede, em Maringá. Até então, a formação em Serviço Social era oferecida exclusivamente no Câmpus Regional do Vale do Ivaí (CRV), em Ivaiporã, e agora se estende para a sede da UEM, proporcionando novas oportunidades para quem deseja ingressar nessa carreira, que tem um mercado promissor impulsionado pelo aumento das políticas públicas e dos programas sociais no Brasil.

    A coordenadora do curso de Serviço Social, professora Edinaura Luza, ressalta que a grade curricular do curso implantado em Maringá é a mesma ofertada em Ivaiporã, onde o mesmo ocorre há 14 anos, assim como o quadro de docentes. “A implantação desse curso no câmpus sede é um marco para a UEM e para a região, pois permitirá a formação de profissionais capacitados para atuar em áreas fundamentais de apoio à população, no acesso a direitos sociais e humanos, nas ampliação das condições de vida e de trabalho. Além disso, será o único curso gratuito de Serviço Social na modalidade presencial em Maringá”.

    Segundo Luza, o formato de ensino presencial é defendido pela Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), pois o trabalho profissional envolve, juntamente ao conhecimento teórico, competências e habilidades nas esferas ético-política e técnico-operativa, as quais são desenvolvidas e aperfeiçoadas no contato direto com diversas experiências articuladas ao ensino. Estas exigem a presencialidade. “Nosso objetivo é a formação de profissionais de excelência para a inserção no município de Maringá e região, especialmente no âmbito dos serviços que viabilizam as políticas sociais, contando com vasto arcabouço teórico e uma amplitude de experiências formativas, garantidas por meio de atividades de extensão e pesquisa, visitas técnicas, eventos, congressos, entre outros”, afirma.

    Mercado de trabalho

    Nos últimos anos, o mercado de trabalho para assistentes sociais tem se expandido, especialmente com a ampliação de exigências necessárias na gestão e viabilização de políticas públicas, como a obrigatoriedade de assistentes sociais e psicólogos na educação. Segundo a presidente do Conselho Regional de Serviço Social do Paraná (Cress-PR), Olegna Guedes, essa expansão de vagas vem também acompanhada de desafios. 

    “Pesquisas sobre o perfil de assistentes sociais no Brasil realizada pelo Conselho Federal de Serviço Social, entre 2005 e 2022, a proporção de assistentes sociais trabalhando em instituições públicas caiu de 78% para 60%. Ao mesmo tempo, houve um aumento na responsabilidade municipal, que passou de 40,9% para quase 59,8% , enquanto a participação estadual diminuiu de 24% para 11% e a federal passou de 13% para 5%. Essa mudança sobrecarrega os municípios, que lidam com recursos limitados", avalia Guedes.

    Segundo Guedes, a atuação dos assistentes sociais é vital para a defesa de direitos e a construção de políticas públicas. “Em um cenário de crise econômica e aumento da desigualdade, a demanda por profissionais qualificados para enfrentar essas questões é cada vez maior, e os assistentes sociais têm desempenhado um papel essencial tanto em instituições públicas quanto no setor privado.”

    No Paraná, a média salarial do assistente social varia entre três a oito salários mínimos. “O dado é de uma pesquisa que o Cress-PR realizou em 2018. Os dados deste levantamento apontam que 21% dos assistentes sociais ganham até dois salários mínimos, 50% entre três a cinco salários mínimos e 10% de seis a oito salários mínimos, e apenas 3% que ganham 12 salários mínimos”, aponta Guedes, lembrando que tramita na Câmara dos Deputados o projeto de lei 1827/2019, que estabelece o piso salarial profissional nacional para assistentes sociais em R$ 5,5 mil para a jornada máxima de 30 horas semanais para toda a categoria, seja quem trabalha na administração pública, iniciativa privada ou terceiro setor.

    Dados recentes apontam que cerca de 70% dos assistentes sociais no Brasil atuam no setor público, especialmente nas áreas de saúde e assistência social, enquanto o setor privado, incluindo ONGs e fundações, também registra uma crescente procura por esses profissionais. A profissão oferece um campo amplo, com possibilidades de atuação em escolas, hospitais, empresas, e até mesmo no sistema penitenciário. Com um salário inicial médio de R$ 3 mil a R$ 4,5 mil, a carreira de assistente social é considerada estável e promissora, especialmente para aqueles que se especializam em áreas específicas, como mediação de conflitos, gestão de políticas sociais e direitos humanos.

    De agricultora a assistente social, Huama Máximo, de 52 anos, viu sua vida se transformar com a graduação em Serviço Social pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), no câmpus de Ivaiporã. A decisão de cursar essa carreira nasceu em 2010, quando, ao ser atendida por uma assistente social no INSS de Ivaiporã, reconheceu a importância do acesso à informação e dos direitos sociais. Em 2014, aos 42 anos, iniciou o curso no Câmpus Regional Vale do Ivaí. Durante o curso, ela conseguiu conciliar o trabalho como agricultora em regime de economia familiar. 

    Huama afirma que adentrou um universo fascinante e repleto de novos conhecimentos. “O curso de Serviço Social transformou a minha história de vida, os meus sonhos e pensamentos de sujeição em relação a minha realidade social, os quais foram reavaliados de modo crítico e, após reflexão consegui romper com o pensamento de subordinação e de passividade, e passei a me ver e me tornar ator de minha história e, assim, novos sonhos surgiram”, resume Huama.

    Ao longo da graduação, Huama se envolveu em projetos de pesquisa e iniciação científica, experiências que considera fundamentais para sua formação. Inspirada por sua orientadora, passou a elaborar artigos científicos e apresentá-los em eventos acadêmicos, o que impulsionou sua aprovação no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UEM, onde concluiu o mestrado em 2021. Com a mesma determinação, ingressou no serviço público, e hoje atua na Prefeitura de Apucarana, como assistente social, atendendo famílias em situação de vulnerabilidade social e orientando sobre direitos e benefícios assistenciais. 

    Para Huama, o futuro da profissão de assistente social é promissor, e ela acredita que o profissional deve estar sempre preparado para os desafios das novas demandas. “A tendência é que seja visualizada a atuação do assistente social também em novos espaços e, para obter êxito, o profissional deverá estar preparado para lidar com as novas demandas do mercado de trabalho.” Em sua visão, entre as qualidades essenciais para o sucesso na profissão estão “visão crítica da realidade social, engajamento, criatividade, escuta qualificada e habilidade da fala moderadora e clara.”

    A assistente social do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM), Yolanda Maria Grandizoli, de 43 anos, relata que escolheu a profissão motivada pela valorização e ampliação das oportunidades trazidas pela implementação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), em 2005. 

    Hoje, após 17 anos atuando na profissão em setores privados e públicos, Grandizoli observa que o mercado para assistentes sociais, especialmente no setor público, mudou muito nos últimos anos, com aumento de terceirizações e contratações autônomas. Na opinião dela, “apesar do crescimento pela contratação de assistentes sociais em instituições privadas e organizações não governamentais, ainda é nos serviços públicos a maior necessidade de contratação.” 

    Ao mesmo tempo, Grandizoli avalia que a saúde e a educação são as áreas mais carentes de assistentes sociais, destacando a importância da Lei 13.935/2019, que prevê a atuação de assistentes sociais em escolas, mas que ainda falta a efetiva implementação da legislação. “As escolas de educação básica são carentes de assistentes sociais para trabalhar com o enfrentamento às diversas violações de direito da criança e adolescente.” 

    Yolanda acredita que, para fortalecer a profissão, são necessárias mudanças na administração pública para ampliar vagas e garantir a inserção dos assistentes sociais nos serviços. Segundo ela, o trabalho exige habilidades como análise crítica, comunicação e trabalho em equipe, além de comprometimento ético. "É gratificante ser uma defensora dos direitos sociais e facilitar o acesso da população às políticas públicas", finaliza.




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