Juiz negro do Paraná afirma que toga não o protege do preconceito: 'Já me perguntaram: o juiz está aí?'
Foto: Divulgação/Redes Sociais
Entre os 951 magistrados do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), apenas 17 são pretos, representando 2% do total. Um desses juízes é Malcon Jackson Cummings, titular da comarca de São João do Ivaí, no norte do estado. Ele compartilha como a cor de sua pele impacta sua experiência profissional, ressaltando a necessidade constante de se provar "acima da média".
Desafios e Racismo Estrutural
Mesmo na posição de juiz, Cummings já enfrentou situações de preconceito, como pessoas que, ao vê-lo, questionam se o juiz está presente. "A minha figura, o meu corpo negro em movimento aqui, não condiz com aquilo que as pessoas esperam que seja um juiz", comenta. Ele busca desconstruir o estereótipo de que todos os magistrados são brancos, loiros e de olhos claros.
Cummings também atua como representante do Paraná na Diretoria de Igualdade Racial da Associação dos Magistrados Brasileiros. Ele utiliza sua trajetória como ferramenta para conscientizar e inspirar outros negros a superar os desafios do racismo estrutural. "Eu estou aqui para que os meus filhos, meus netos e as pessoas que conheço não precisem, todos os dias, mostrar que são acima da média, como eu precisei e preciso."
Negros no Paraná: Um Retrato Estatístico
Dados do Censo 2022 do IBGE mostram que 34,3% da população paranaense é negra, sendo 30,1% pardos e 4,2% pretos. Apesar de um aumento de 46,8% na população preta desde 2010, a representatividade em cargos como a magistratura ainda é muito baixa.
Série "Negros no Paraná"
A história de resistência de Cummings integra a série Negros no Paraná, exibida pela RPC, que destaca a luta e a contribuição da população negra no estado. A série, lançada em alusão ao Dia da Consciência Negra, agora feriado nacional, relembra a importância da preservação cultural e a luta contra o preconceito.
Conscientização e Transformação
Cummings segue firme na missão de transformar as percepções e abrir caminhos para que mais negros ocupem espaços de poder. Sua presença e história reforçam a necessidade de refletir sobre racismo, desigualdade e representatividade em todas as esferas da sociedade.