Cautela e ceticismo prevalecem no cessar-fogo entre Israel e Hezbollah
O cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah entrou em vigor na madrugada de quarta-feira (27), após 14 meses de conflito que resultaram na morte de 3.800 libaneses e no deslocamento de mais de 1,2 milhão de pessoas, além da remoção de 60 mil israelenses de suas casas. Embora o acordo traga um alívio temporário, há grande ceticismo quanto à possibilidade de uma paz duradoura devido ao histórico de hostilidades entre as partes.
O acordo baseia-se na Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, que pôs fim à guerra de 2006 entre Israel e o Hezbollah, mas não foi implementado adequadamente devido a violações de ambos os lados. Os termos do novo cessar-fogo exigem que as áreas ao sul do rio Litani, no Líbano, fiquem livres de qualquer presença armada que não seja do Estado libanês ou da missão de paz da ONU. Isso inclui a retirada do Hezbollah de seu reduto no sul e o recuo das tropas israelenses para seu lado da fronteira.
O acordo, no entanto, foi acompanhado por um mecanismo de supervisão mais robusto, envolvendo os EUA e a França, para julgar as violações. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, deixou claro que responderá com força se o Hezbollah representar uma ameaça, o que já coloca a trégua sob risco de fragilidade.
A desconfiança é grande, especialmente entre os israelenses do norte, que temem que a retirada das tropas de Israel permita ao Hezbollah se reorganizar e reconstruir sua infraestrutura. Além disso, as divisões entre a população israelense quanto ao cessar-fogo refletem a incerteza sobre a viabilidade de um acordo duradouro, com 80% da base de Netanyahu se opondo à trégua.