Seja bem-vindo
Maringá,11/02/2025

    • A +
    • A -
    Publicidade

    Estudo sugere avaliar risco de AVC com exame da retina por meio de IA

    Redação Hoje Maringá
    Estudo sugere avaliar risco de AVC com exame da retina por meio de IA Foto: Divulgação

    Um novo estudo investiga a associação entre a quantidade e as características dos vasos sanguíneos na retina e o risco de desenvolver um AVC (acidente vascular cerebral). A proposta é que o exame da retina com inteligência artificial ofereça um complemento a exames tradicionais como os de colesterol e glicemia.


    Marcelo Franken, diretor da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo) e gerente médico do Hospital Israelita Albert Einstein, explica que "a retina é um dos lugares mais acessíveis para observar vasos sanguíneos com exames clínicos, ainda que seja necessário o uso de equipamentos específicos, como lentes e fontes de luz".


    O estudo foi publicado em novembro na revista científica Heart. Com o auxílio de inteligência artificial, os pesquisadores analisaram imagens da retina e identificaram parâmetros que podem indicar maior risco de AVC. Vasos sanguíneos de estrutura mais simples, com menos ramificações, por exemplo, podem indicar problemas na circulação e maior chance de hipóxia (falta de oxigênio), condições ligadas ao AVC.
    Durante um acompanhamento médio de 12,5 anos, foram registrados 749 casos de AVC entre 45.161 participantes.


    O estudo identifica 29 parâmetros significativamente associados ao risco de acidente vascular cerebral, como a quantidade de vasos (densidade), o calibre (se são mais largos ou estreitos), a tortuosidade (se são mais retos ou sinuosos) e a distribuição (como estão espalhados pela retina).


    A análise da retina é uma técnica não invasiva, rápida e acessível, podendo ser integrada aos check-ups oftalmológicos de rotina.


    Já o uso de inteligência artificial aumenta a precisão na avaliação do risco de AVC, tornando o exame mais eficiente, diz o estudo. A combinação dessas informações com as de idade e sexo apresentou resultados tão bons quanto os métodos tradicionais que analisam colesterol e pressão arterial, afirmam os pesquisadores.


    O neurocirurgião Hugo Sterman, especialista em AVC da Rede D'Or, diz que os vasos da retina têm características semelhantes aos vasos do cérebro, especialmente em relação a mudanças provocadas por fatores de risco clássicos para derrames, como pressão alta, diabetes, colesterol elevado e tabagismo. Por isso, observar alterações nesses vasos pode ajudar a avaliar o estado de saúde dos vasos cerebrais.


    "É possível que, no futuro, com auxílio de inteligência artificial, esse método possa ter um custo vantajoso e de baixo risco", afirma Sterman.


    O cardiologista Marcelo Franken afirma que a retina já é analisada rotineiramente em pacientes com hipertensão e diabetes, pois mudanças visíveis nos vasos indicam problemas de saúde mal controlados. A novidade do estudo, ele avalia, está no uso da inteligência artificial para identificar alterações que não são perceptíveis ao olho humano.


    Ele ressalta que exames como o de colesterol e a avaliação de calcificação coronária também são utilizados desde a juventude, embora exijam recursos laboratoriais e procedimentos mais invasivos. "Não é uma descoberta revolucionária, mas é uma ferramenta adicional interessante para avaliar o risco de doenças vasculares", afirma.


    A análise dos vasos da retina tem potencial para ser incorporada futuramente na avaliação de rotina, permitindo um melhor controle de fatores de risco e ajustes mais precisos nas medicações, aprimorando o acompanhamento dos pacientes, citam os especialistas.


    Embora promissor, o estudo precisa ser validado em populações mais diversas. A pesquisa utilizou dados do UK Biobank, com predominância de participantes brancos.


    De acordo com Marcelo Franken, diferenças genéticas e biológicas podem influenciar tanto o risco de doenças quanto a resposta a tratamentos. "Algumas etnias têm mais propensão a desenvolver doenças como diabetes ou hipertensão, enquanto outras podem responder de forma distinta a medicamentos."


    O médico acrescenta que a diversidade étnica do Brasil torna pesquisas realizadas no país mais representativas para diferentes populações. "O estudo traz novas possibilidades, mas ainda não podemos generalizar os achados sem mais evidências."


    O levantamento foi conduzido por pesquisadores do Centre for Eye Research Australia, Universidade de Melbourne, Harvard Medical School, Beijing Tongren Hospital e Hong Kong Polytechnic University.




    Buscar

    Alterar Local

    Anuncie Aqui

    Escolha abaixo onde deseja anunciar.

    Efetue o Login

    Recuperar Senha

    Baixe o Nosso Aplicativo!

    Tenha todas as novidades na palma da sua mão.