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Cacá Diegues: o cineasta que reinventou o Brasil nas telas e marcou gerações

Cineasta fez parte do Cinema Novo que deu cara ao cinema nacional

Redação Hoje Maringá
Cacá Diegues: o cineasta que reinventou o Brasil nas telas e marcou gerações Bye Bye, Brasil, filme de Cacá Diegues, em 1980

Cacá Diegues, mestre do Cinema Novo, morreu aos 84 anos e deixou um legado imortal. “Nós praticamente inventamos um cinema para o Brasil.” Assim o cineasta Cacá Diegues, que faleceu nesta sexta-feira (14), aos 84 anos, resumia a revolução que ele e outros cineastas iniciaram nos anos 1960 com o Cinema Novo. O movimento, inspirado pelo neorrealismo italiano e pela nouvelle vague francesa, marcou a história do audiovisual nacional ao trazer produções autorais e socialmente engajadas.

Em entrevista ao programa Trilha de Letras, da TV Brasil, em 2018, Diegues destacou a falta de tradição cinematográfica no país à época: 

“Inventamos uma imagem do Brasil para o cinema. E para fazer isso, não tínhamos uma tradição cinematográfica à qual recorrer.”

Um dos últimos ícones do Cinema Novo

Cacá Diegues foi um dos últimos remanescentes de uma geração que reuniu nomes como Nelson Pereira dos Santos, Joaquim Pedro de Andrade, Glauber Rocha, Paulo César Saraceni e outros expoentes do Cinema Novo. Defensor da produção cinematográfica como uma forma de reflexão sobre os problemas sociais do Brasil, ele via o cinema como um estímulo ao pensamento crítico:

“Um filme não muda nada. Ele não é uma arma para mudar o mundo, mas é uma maneira de pensar o mundo de outro modo.”

Para Diegues, o sucesso não era fruto do acaso, mas da persistência e do trabalho árduo. Ele preferia se definir como um “esperançoso” e não um otimista:

“Tenho sempre a esperança de que as coisas deem certo e [a convicção de que] para isso [a gente tem] que correr atrás.”

Esse pensamento o acompanhou ao longo de sua trajetória, consolidando seu nome no cinema nacional e internacional.

Obras que marcaram gerações

A carreira de Cacá Diegues foi repleta de filmes que se tornaram clássicos do cinema brasileiro. Entre os mais conhecidos estão:

  • Ganga Zumba (1964)
  • A Grande Cidade (1966)
  • Os Herdeiros (1969)
  • Xica da Silva (1976)
  • Bye Bye, Brasil (1980)
  • Tieta do Agreste (1996)
  • Orfeu (1999)
  • Deus é Brasileiro (2002)
  • O Grande Circo Místico (2018), seu último longa-metragem

Em 2018, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL), ocupando a cadeira deixada por Nelson Pereira dos Santos, seu amigo e parceiro de Cinema Novo.

Homenagens e repercussão

A morte de Cacá Diegues repercutiu entre intelectuais, artistas e políticos de diferentes espectros ideológicos.

O escritor e roteirista Raphael Montes, que o entrevistou no Trilha de Letras, relembrou a amizade e um projeto interrompido:

“Ele queria fazer um filme de suspense chamado A Dama, protagonizado por duas mulheres, uma delas sua filha, Flora Diegues. Mas Flora faleceu antes, em 2019, e o projeto foi abortado.”

No X (antigo Twitter), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a perda:

“Levou o Brasil e a cultura brasileira para as telas do cinema e conquistou a atenção de todo o mundo. Ganga Zumba, Xica da Silva, Bye, Bye Brasil, e Deus é Brasileiro mostram muito bem nossa história, nosso jeito de ser, nossa criatividade.”

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, também prestou homenagem:

“O Brasil se despede hoje de um dos grandes mestres do nosso cinema. Cacá Diegues ajudou a contar a história do nosso povo com sensibilidade.”

O músico e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil, membro da ABL, escreveu:

“Descanse em paz, grande amigo imortal.”

Uma marca no cinema e na cultura nacional

A atriz Zezé Motta, protagonista de Xica da Silva, relembrou o impacto do filme:

“Foi um divisor de águas na minha carreira. Viajamos para mais de 10 países, e ganhei projeção internacional. Sou eternamente grata ao Cacá por esse presente.”

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e o prefeito da cidade, Eduardo Paes, também destacaram a importância do cineasta.

Paes compartilhou um relato da esposa de Diegues, Renata Magalhães:

“Como me disse hoje mais cedo a Renata: 'Cacá viveu lindamente!' [Ele] vai fazer muita falta, mas sua obra e seus ensinamentos são um legado que não nos deixarão esquecê-lo.”

Cacá Diegues deixa um legado imortal, marcado por inovação, resistência e paixão pelo cinema. Sua obra segue viva, inspirando novas gerações de cineastas e reafirmando a força do cinema brasileiro no cenário mundial.

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Com informações da Agência Brasil

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