Quatro décadas se passaram desde que os passos precisos e vibrantes do Balé Teatro Guaíra (BTG), de Curitiba, tocaram palcos portugueses. Em março de 2025, a companhia paranaense retorna a Portugal para transformar movimento em poesia, com coreografias que refletem um mundo em constante mutação. “V.I.C.A.” e “Castelo” traduzem o espírito do nosso tempo por meio da potência da dança contemporânea brasileira, e agora serão apresentadas ao público de Leiria, Lisboa, Loulé, Torres Vedras e Torres Novas.
Por meio da parceria entre o Centro Cultural Teatro Guaíra, a Associação Brasileira de Apoiadores Beneméritos do Teatro Guaíra e o Arte Institute, a turnê será a primeira em solo português desde 1982. A viagem não só marca o retorno da companhia a Portugal após 43 anos, mas também fortalece ainda mais o diálogo cultural entre o Brasil e a Europa, além de reforçar o prestígio internacional do Balé Teatro Guaíra, que já encantou mais de 1 milhão de pessoas em espetáculos realizados pelo Brasil e pelo mundo. Ao todo, 12 bailarinas e bailarinos participarão das apresentações que acontecerão nos dias 14, 15, 18, 21 e 22 de março.
Para o diretor-presidente do Centro Cultural Teatro Guaíra (CCTG), Cleverson Cavalheiro, iniciar a temporada da companhia com apresentações em Portugal é uma honra, ainda mais com duas coreografias que já foram bem recebidas pelo público do outro lado do Atlântico. “Temos certeza de que o público vai se emocionar com essas belíssimas produções”, afirma.
Continuação de uma relação artística
Como destaca o diretor artístico do CCTG, Áldice Lopes, a turnê do Balé Teatro Guaíra em Portugal é a continuação de uma relação artística iniciada em 1979, quando Carlos Trincheiras, após anos na Fundação Gulbenkian, assumiu a direção da companhia paranaense. Durante 14 anos, ele promoveu um intercâmbio que resultou em espetáculos marcantes, como “O Trono” e “Mandala de Maria Bueno”, ambos beneficiados por colaborações da instituição portuguesa. Mais tarde, essa conexão levou “O Grande Circo Místico” ao Coliseu dos Recreios, em Lisboa, ampliando ainda mais o alcance do BTG no cenário internacional.
Agora, com apresentações em cinco cidades portuguesas, a companhia reforça esse elo. “Essa turnê é uma consequência natural do que foi construído ao longo dos anos. Desde 1979, essa relação se desenvolve, e seguimos expandindo nossos horizontes com essa nova jornada”, afirma Áldice Lopes. Para ele, o intercâmbio entre o Brasil e Portugal, especialmente no campo da dança, é um exemplo da potência que a cultura tem para unir territórios e atravessar gerações.
Coreografias contemporâneas e impacto cultural
As coreografias refletem experiências recentes na história da humanidade: “V.I.C.A.”, da coreógrafa Liliane de Grammont, marcou o retorno do BTG aos palcos após a pandemia e transforma o caos em movimento com uma trilha sonora vibrante e foco na coletividade. Já “Castelo”, coreografia de Alessandro Sousa Pereira, aborda as defesas emocionais em tempos incertos e traz um olhar sobre a tensão entre proteção e vulnerabilidade, evocando a ideia de que nossos próprios "castelos" emocionais podem ser tanto refúgios quanto prisões.
Na visão do Diretor do Balé Teatro Guaíra, Luiz Fernando Bongiovanni, o programa trazido para a turnê visa colaborar para gerar conscientização e transformar a realidade. “Para nós, parece relevante propor conteúdos que possam acender um diálogo interno e externo para pensar a existência através de um espetáculo de dança, teatro, música, texto. Essa tem sido uma das diretrizes fundamentais desta gestão do Balé Teatro Guaíra”, afirma.
Viabilização da turnê
A turnê do BTG por Portugal é viabilizada por meio da Lei de Incentivo à Cultura, com o patrocínio da Sanepar e Compagas, produção internacional do Arte Institute, e realização da Associação Brasileira de Apoiadores Beneméritos do Teatro Guaíra, PalcoParaná, Centro Cultural Teatro Guaíra, Secretaria de Estado da Cultura, Governo do Estado do Paraná, Ministério da Cultura e Governo Federal: Brasil, União e Reconstrução.
História e exposição fotográfica
Além da turnê, a viagem também será marcada por uma exposição fotográfica no Aeroporto Internacional Humberto Delgado, em Lisboa. As imagens apresentarão ao público o histórico da companhia, sendo que a maioria delas integra o livro “Balé Teatro Guaíra – 52 anos de uma história da dança paranaense”, escrito pela historiadora Cristiane Wosniak e lançado em 2022. Entre os registros, estão cliques de fotógrafos como Cayo Vieira, Gastão Lima, Tom Lisboa, Marcos Pereira, Sergio Vieira e Vitor Dias. Fundado em 1969, o Balé Teatro Guaíra é a terceira companhia pública mais antiga do Brasil e um dos pilares da dança no país. Com mais de 150 coreografias em seu repertório, o BTG já passou por 200 cidades, 17 estados e 5 países. Sucessos como "O Grande Circo Místico", "Lendas do Iguaçu" e "O Lago dos Cisnes" marcam sua trajetória e consolidam a companhia como referência artística no Brasil e no mundo.
Programação
Apresentações:
Leiria
Lisboa
Loulé
Torres Vedras
21/03 (sexta-feira) 21h30
Teatro-Cine de Torres Vedras (Av. Ten. Valadim 19, 2500-809 Torres Vedras, Portugal)
Torres Novas
Exposição de fotografias do BTG
Última semana de fevereiro a meados de março
Área de desembarque do Aeroporto Humberto Delgado (Alameda das Comunidades Portuguesas, 1700-111 Lisboa, Portugal)
Observação: Posteriormente, a exposição será transferida para os teatros de Leiria, Torres Vedras e Torres Novas, juntamente com as apresentações, e retorna para o aeroporto até o final de abril.
Balé Teatro Guaíra
O Balé Teatro Guaíra é a terceira companhia de dança mais antiga do Brasil, criado em 1969 pelo Governo do Paraná. Ao longo de 55 anos de sua trajetória, apresentou mais de 150 coreografias, incluindo grandes sucessos de público e crítica como “O Grande Circo Místico”, “Lendas do Iguaçu”, “O Segundo Sopro” e “O Lago dos Cisnes”. Entre seus diretores constam renomados nomes: Ceme Jambay, Yurek Shabelewski, Hugo Delavalle, Eric Valdo, Carlos Trincheiras, Isabel Santa Rosa, Jair Moraes, Marta Nejm, Cristina Purri, Suzana Braga, Carla Reinecke, Andreia Sério, Cintia Napoli, Pedro Pires e, atualmente, Luiz Fernando Bongiovanni. O Balé Teatro Guaíra tem realizado ao longo desses anos uma contribuição expressiva para o desenvolvimento da dança no Paraná e no país. É um organismo vivo que, em constante transformação, constrói sua história a partir de produções que retratam diferentes modos de pensar a arte e a própria vida. Um breve olhar para a produção da companhia ao longo de todos esses anos nos permite dizer que a companhia tem realizado, com excelência, sua função principal: produzir e levar a arte da dança para o estado do Paraná e para o Brasil.