Delação de Mauro Cid revela tentativa de blindagem do general Braga Netto
Hierarquia Militar Influencia Depoimentos na PF
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A delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, revelou a tentativa de blindagem do general Braga Netto nos primeiros depoimentos prestados à Polícia Federal (PF). A delação foi utilizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como base para a denúncia apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Bolsonaro e mais 33 acusados no inquérito do golpe.
Depoimentos e Hierarquia Militar
Em depoimentos prestados, Cid admitiu ter "dosado as palavras" sobre as tentativas de Braga Netto de obter informações sobre a delação por meio de ligações telefônicas para o general Lourena Cid, pai do ex-ajudante. Durante interrogatório conduzido pelo delegado Fabio Shor em dezembro do ano passado, Cid afirmou que respeitou a hierarquia militar ao não confirmar inicialmente que Braga Netto pretendia financiar militares para a execução do plano golpista e obter dados sobre a delação.
Entregas de Dinheiro
Cid também revelou que Braga Netto, ex-ministro e vice de Bolsonaro nas eleições de 2022, lhe entregou dinheiro dentro de uma sacola de vinho, que teria sido repassado a um militar identificado como Rafael de Oliveira. "O general Braga Netto me entregou o dinheiro, eu tenho quase certeza que foi no Alvorada, até me lembro que eu botei na minha mesa ali na biblioteca do Alvorada e depois o De Oliveira veio buscar o dinheiro comigo na própria Alvorada, só que eu não consigo lembrar o dia", completou Cid.
Prisão de Braga Netto e Defesa
Braga Netto está preso desde 14 de dezembro de 2024, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito do golpe. Segundo a Polícia Federal, baseada na delação de Cid, o general estaria obstruindo a investigação.
A defesa de Braga Netto considerou a denúncia da PGR fantasiosa e ressaltou a reputação ilibada do general, com mais de 40 anos de serviços prestados ao Exército. "O general Braga Betto está preso há mais de 60 dias e ainda não teve amplo acesso aos autos, encontra-se preso em razão de uma delação premiada que não lhe foi permitido conhecer e contraditar", declarou a defesa.
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