MP solicita ampliação das investigações sobre morte de jovens em confronto com a PM em Londrina
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O Ministério Público do Paraná (MP-PR) solicitou a ampliação das investigações sobre a morte de dois jovens durante uma abordagem policial no último fim de semana, em Londrina, no norte do estado. O pedido foi feito pela promotora de Justiça Susana Broglia Feitosa de Lacerda, após a família das vítimas alegar possível excesso por parte dos policiais.
O caso
Kelvin Willian Vieira dos Santos, de 16 anos, e Wender Natan da Costa Bento, de 20, foram mortos na noite de sábado (15), na Rua Belmiro de Oliveira, no bairro Leonor, próximo à BR-369. Segundo a Polícia Militar (PM), a abordagem ocorreu porque o veículo onde os jovens estavam teria características semelhantes a um usado em furtos na região.
De acordo com a PM, houve reação por parte dos suspeitos, o que resultou em confronto armado. No boletim de ocorrência, consta que quatro policiais participaram da ação e efetuaram 18 disparos. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) constatou a morte dos jovens no local. A PM afirma ter apreendido duas armas de fogo, mas não informou a procedência delas.
Pedido do Ministério Público
A solicitação do MP inclui:
- Análise da trajetória dos projéteis e da distância dos disparos;
- Fotografia dos ferimentos e vestimentas das vítimas;
- Informação sobre a conclusão dos laudos necroscópicos;
- Busca e apreensão de imagens da ocorrência.
A advogada da família também pediu uma investigação detalhada da conduta dos agentes, além de exames residuográficos e balísticos.
O que dizem as famílias?
As mães das vítimas contestam a versão da PM e afirmam que os filhos não tinham envolvimento com crimes. Vanessa da Costa, mãe de Wender, declarou que o filho foi morto com dez tiros. Sirlene dos Santos, mãe de Kelvin, disse que o jovem estudava e não usava drogas.
Manifestações e investigações
A morte dos jovens gerou protestos violentos em Londrina, com bloqueios de ruas, ônibus incendiados e a suspensão temporária do transporte público.
A Polícia Militar abriu um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar a conduta dos agentes, enquanto a Polícia Civil conduz um inquérito paralelo sobre a ocorrência. O MP-PR acompanha o caso e não descarta a atuação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) nas investigações.