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Calor intenso influencia no futebol; entenda

Veja quais os riscos e impactos à saúde tanto dos atletas como dos torcedores

Redação Hoje Maringá
Calor intenso influencia no futebol; entenda Foto: Banco de imagem

A temporada de futebol brasileiro deste ano começou com diversas adaptações devido aos impactos climáticos. Tempestades de granizo, calor excessivo e problemas de desidratação de jogadores têm forçado federações de todo o país a reavaliar a programação dos jogos.

Adaptações Necessárias

A Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj) anunciou que a fase final do Campeonato Carioca acontecerá apenas após as 18h para evitar os picos de calor. Segundo Guilherme Borges, meteorologista da Climatempo, "os extremos climáticos estão se tornando cada vez mais presentes, com ondas de calor frequentes nos últimos anos".

Riscos para Atletas e Espectadores

O capitão do Flamengo, Gerson, enviou uma carta ao presidente do Sindicato dos Atletas de Futebol do Rio, Alfredo Sampaio, solicitando apoio para evitar jogos em horários de extremo calor. "Nossa profissão exige sacrifícios, mas colocar nossa saúde em risco desnecessariamente não pode ser uma exigência do jogo", declarou Gerson.

Além disso, eventos como tempestades de raios e chuvas de granizo já resultaram no adiamento de partidas, reforçando a necessidade de um monitoramento climático mais rigoroso.

Estudo sobre os Impactos Climáticos

O Terra FC, em parceria com a ERM, divulgou um estudo que analisa o impacto das mudanças climáticas no futebol brasileiro. O estudo indica que 85% dos clubes da Série A de 2024 enfrentam alto risco de impactos climáticos severos. Além disso, 45% têm alto risco de inundações severas e 55% enfrentam alto risco de queimadas.

Ricardo Calçado, diretor do Terra FC, destacou a importância de adaptações diante desse cenário crescente de extremos climáticos: "Estamos batendo recordes de altas temperaturas ano após ano, e isso impacta não só a estrutura dos clubes, mas também os torcedores".

Consequências Financeiras e Logísticas

O estudo também revelou que, no ano passado, as enchentes no Rio Grande do Sul resultaram no adiamento de 88 partidas, impactando competições nacionais e internacionais. Marcos Vinicios Botelho, diretor do Terra FC, enfatizou a importância do debate sobre mudanças climáticas: "Estamos falando da sobrevivência do futebol, da realização de treinamentos e jogos, além do impacto financeiro e da experiência dos torcedores".

O documento destaca ainda que "segundo o IPCC, um aumento de simples 0,5ºC na temperatura global pode ocasionar o aumento da frequência de eventos climáticos extremos, como ondas de calor, tempestades, secas e chuvas intensas".

Com o começo da Era pré-industrial, fomos emitindo gases de efeito estufa e o planeta foi se aquecendo. "Ao longo da década de 2000, tínhamos vários estudos que apontavam que, mais à frente, teríamos extremos climáticos mais presentes. A partir de 2015, isso escancarou, pode-se dizer assim. Isso se confirmou. Começamos a ter muitos eventos extremos de chuva, onda de calor... Vínhamos com projeções, mas passamos a sentir na pele", disse Guilherme Borges.

Impacto na Saúde dos Atletas

No fim de semana de 15 e 16 de fevereiro, os Campeonatos Carioca e Paulista tiveram casos de impacto direto das altas temperaturas para os jogadores. Em Fluminense x Nova Iguaçu, às 16h30 de sábado, no Maracanã, Riquelme, do Tricolor, teve uma indisposição e chegou a vomitar à beira do gramado no retorno do intervalo. No dia seguinte, em Santos x Água Santa, o zagueiro Zé Ivaldo, do Peixe, apresentou um quadro leve de desidratação e também precisou ser substituído no intervalo.

"É terrível jogar com esse calor. Infelizmente quase todos os estados estão passando por isso. A gente, em um jogo às 16h, precisou saber levar bem a primeira parte, trabalhamos isso com os jogadores em termos de conscientização. Para ir [à frente] e fazer um ataque forte, sabendo que não faria isso toda hora. (...) Riquelme vomitou na beira do campo quando estava voltando, até fiquei na dúvida de levá-lo ou não", disse Mano Menezes, após a partida.

O corpo conta com vários mecanismos fisiológicos para ajudá-lo a manter a temperatura de forma saudável, a não ultrapassar os 35°, 36°C, e controlar o organismo. Uma delas é através do suor e, em altas temperaturas, ocorre uma maior transpiração. Se a umidade estiver alta, fica ainda mais difícil eliminar o calor através do suor. Nesses casos ocorre a perda de íons, sódio, potássio, e o organismo começa a apresentar alterações que demandam mais energia, ou seja, chega-se à exaustão mais rapidamente, porque o corpo tem que perder fluidos para resfriar a temperatura interna. Isso ocorre para que o indivíduo não tenha danos cardiológicos e musculares. Flávia Magalhães, médica do esporte com mais de 20 anos de atuação no futebol.

"A exposição excessiva ao sol também pode alterar a parte cognitiva. Ele pode ter confusões, atrapalhar na atenção, na tomada de decisões. Além disso, os músculos ficam em maior risco, porque o organismo prioriza outras áreas do corpo, como diminuir a circulação interna nos órgãos, o que acarreta em desidratação. Ocorre também uma redução na capacidade do corpo em manter a força e a flexibilidade", completou.

"Os atletas devem estar se hidrantando em qualquer oportunidade que tenha, antes de esperar a sede aparecer, para evitar a insolação. Como a perda mais intensas de minerais, sódios, sais, os isotônicos também são importantes para a hidratação, se poderem ser individualizados de acordo com o que o atleta perde durante a partida, melhor ainda, feitos sob medida pelo nutricionista. O aumento do consumo de carboidratos também é indicado", recomenda Luiz Eduardo Ritt, da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Condições Climáticas nos Estados Unidos

Nos Estados Unidos, os jogadores também sofreram, mas, neste caso, com o frio. O duelo entre Sporting Kansas City e Inter Miami, o time do Messi, na última quarta-feira, pela Liga dos Campeões da Concacaf, aconteceu em Kansas e os termômetros chegaram a -14°C. O jogo era para ter sido realizado no dia anterior, mas foi adiado devido à ameaça de nevasca - a temperatura atingiu -25°C. "É impossível jogar nessas condições, não é humano. Nunca passei por uma situação tão fria. Não conseguíamos sentir nossos membros", criticou Mascherano, técnico do Inter Miami.

Priscila Menon, especialista em Fisioterapia Esportiva pela Sonafe Brasil (Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e da Atividade Física), lembrou a necessidade de haver uma preparação prévia do corpo do atleta quando houver um jogo em condições não habituais.

Quanto maior a temperatura do ambiente, maior será a desidratação do corpo, gerando mais desgaste físico. Vale ressaltar que o corpo é adaptável a quaisquer condições, mas desde que treinado para isso. Se esse conjunto de temperatura e emissão solar não é o habitual, ou seja, não são condições em que os atletas estão adaptados a treinar e jogar, de fato haverá um desgaste muito maior, influenciando diretamente na performance.




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