Celulares proibidos nas escolas: como os jovens estão se adaptando?
Lei nacional busca reduzir dependência digital entre estudantes
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Desde o início de 2025, uma nova lei federal está transformando os hábitos de milhares de estudantes brasileiros, proibindo o uso de celulares em sala de aula, salvo algumas exceções específicas. A legislação tem gerado debates sobre sua efetividade e exigido adaptações por parte das instituições de ensino.
O que diz a lei?
Sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Lei nº 15.100/2025 proíbe o uso de aparelhos celulares para estudantes do Ensino Fundamental 1 enquanto estiverem na escola. Para alunos do Ensino Fundamental 2 e do Ensino Médio, o uso é permitido apenas para fins pedagógicos, sob orientação do professor. Exceções são permitidas para necessidades específicas, como jovens com deficiência ou casos de violência no entorno escolar.
A lei, que segue exemplos de legislações estaduais como as do Rio de Janeiro, São Paulo e Roraima, visa proteger as crianças dos efeitos negativos do excesso de tecnologia e acesso à internet, promovendo a saúde mental, física e emocional.
Razões para a criação da lei
Estudos indicam que a dependência digital pode prejudicar o desenvolvimento socioemocional de crianças e adolescentes. A OMS reconhece a dependência digital como um transtorno desde 2018. No Brasil, uma pesquisa de 2025 do Instituto Alana e do Datafolha mostrou que 93% dos brasileiros acreditam que os jovens estão viciados em redes sociais, e 75% acham que passam tempo demais conectados.
O Pisa revelou que 80% dos estudantes brasileiros de 15 anos se distraem com o celular durante as aulas de matemática. Pesquisas da UFMG observam aumento de ansiedade e depressão entre jovens devido ao uso excessivo do celular, além do risco de exposição a conteúdos impróprios e abusadores sexuais.
Adaptação das escolas
As escolas têm autonomia para definir estratégias de implementação da proibição dos celulares, como uso de armários individuais ou caixas coletivas para guardar os aparelhos. A adaptação envolve a gestão escolar, pais, professores e alunos.
Relatos de diversas instituições mostram diferentes estágios de adaptação. O Colégio Sagrado Coração Jesus, no Rio Grande do Sul, registra dificuldades dos estudantes em cumprir as novas regras. Em São Paulo, a escola Yervant Kissajikian implementou as mudanças gradualmente para evitar grandes impactos.
De modo geral, os resultados são positivos. Márcio Roberto Thomaz, diretor de uma escola municipal de São Paulo, observa maior interação e diálogo entre os alunos. Os resultados pedagógicos da nova política deverão ser sentidos nos próximos anos.