"Ainda Estou Aqui" abre debate global sobre a ditadura

Filme participa do Oscar com grande repercussão mundial

Redação Hoje Maringá e Agência Brasil
Filme alcançou repercussão e aprovação global. Grande sucesso! | Foto: © Alile Dara Onawale / Sony Picutres

O filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, que explora os efeitos da ditadura militar no Brasil (1964-1985), está gerando grandes repercussões no Brasil e no exterior. A obra, inspirada no livro biográfico de Marcelo Rubens Paiva, foi lançada em 2024 e já atraiu mais de cinco milhões de espectadores. Sua relevância transcende o cinema, conquistando prêmios internacionais como o Prêmio Goya e o Globo de Ouro, além de três indicações ao Oscar 2025, incluindo melhor filme internacional e melhor atriz, para Fernanda Torres.

Com sua abordagem impactante sobre a repressão durante a ditadura, o filme expõe as experiências traumáticas de famílias brasileiras, sendo considerado uma obra essencial para a memória histórica do país. Especialistas em cinema e história reconhecem que o longa não apenas conecta o passado com o presente, mas também reforça a importância do cinema brasileiro no cenário global. A temática e a narrativa poderosa, que aborda a morte do ex-deputado Rubens Paiva e a luta de sua família por justiça, promovem discussões cruciais sobre direitos humanos e políticas públicas.

O professor Arthur Autran, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), destaca o papel transformador do filme ao mobilizar um público amplo e diverso, além de ressaltar a importância de valorizar a memória nacional. O filme se torna uma “vitória social”, dando visibilidade à história de figuras como Eunice Paiva, mãe de Marcelo Rubens Paiva, que lutou pelos direitos dos indígenas e contra a repressão. Já a professora Dirce Waltrick do Amarante, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), vê o filme como um marco cultural, uma “virada de chave” para a arte brasileira, com um impacto significativo nas produções nacionais e internacionais.

O impacto no presente também é abordado pelo professor Marco Pestana, da Universidade Federal Fluminense (UFF), que ressalta o filme como um contraponto às ideias distorcidas sobre a ditadura militar promovidas por correntes autoritárias atuais. O filme ajuda a desmistificar o período, mostrando as duras consequências da repressão sobre as famílias e como o impacto dessa violência perdura até hoje. Além disso, Ariadne Maranhão, advogada especializada em direitos humanos, sublinha o papel do filme em evidenciar a luta pela justiça para as vítimas da ditadura, destacando como ele chama atenção para os direitos das mulheres e a autonomia familiar.

Com ou sem o Oscar, o filme já representa uma grande vitória cultural para o Brasil, promovendo uma reflexão profunda sobre o passado autoritário e sua relevância no contexto político atual. No cenário jurídico, a repercussão do filme também influenciou o Supremo Tribunal Federal (STF), que reavaliará a Lei da Anistia e seu impacto nos crimes cometidos durante a ditadura, uma questão crucial que foi trazida à tona pela obra.

Ao atingir uma audiência internacional, o filme coloca o Brasil no centro das discussões sobre autoritarismo e memória histórica, fazendo com que o país finalmente tenha “voz” na conversa global sobre essas questões.

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