Com o aumento dos casos de dengue e febre amarela, especialistas alertam para complicações hepáticas associadas às doenças. O fígado pode ser gravemente afetado, levando a quadros de hepatite fulminante, especialmente na febre amarela.

Como a dengue afeta o fígado?

O infectologista Marcelo Neubauer, da PUC Campinas, explica que a dengue pode causar inflamação hepática de diferentes intensidades. Na maioria dos casos, a hepatite causada pela dengue é leve e transitória, sem deixar sequelas. No entanto, em casos graves, o comprometimento do fígado pode contribuir para a síndrome hemorrágica, pois o órgão é responsável pela produção de fatores de coagulação.

Já o hepatologista Marcio Almeida, da Rede D'Or São Paulo, aponta dois mecanismos que afetam o fígado durante a infecção por dengue:

• Ativação do sistema imunológico, que acaba atacando o próprio organismo, incluindo o fígado.
• Queda da pressão arterial, que reduz o fornecimento de oxigênio ao órgão, podendo levar a um choque hepático.

Febre amarela e risco de falência hepática

Na febre amarela, o impacto no fígado é ainda mais severo. O vírus invade o órgão, se multiplica rapidamente e destrói as células hepáticas. Segundo Neubauer, as enzimas hepáticas TGO e TGP, que indicam lesão no fígado, podem atingir níveis altíssimos na febre amarela, chegando a 7.000 unidades, enquanto na dengue grave raramente ultrapassam 400 unidades.

Nos casos mais graves, pode ocorrer falência hepática fulminante, levando à morte. Em 2025, 13 pessoas morreram de febre amarela no estado de São Paulo. Durante surtos, foram tentados transplantes de fígado, mas, em muitos casos, o vírus continuou atacando o novo órgão.

Sintomas e sinais de alerta

Dengue

• Febre alta e repentina
• Dores musculares e nas articulações
• Dor atrás dos olhos
• Manchas vermelhas no corpo
• Prostração e mal-estar

Sinais de alerta para casos graves:

• Dor abdominal intensa e contínua
• Vômitos persistentes
• Sangramento nas mucosas
• Hipotensão postural (sensação de desmaio ao levantar-se)
• Aumento do tamanho do fígado

Febre amarela

• Febre súbita e calafrios
• Dor de cabeça intensa
• Dores musculares
• Náuseas e vômitos
• Fadiga e fraqueza

Nos casos graves:

• Pele e olhos amarelados (icterícia)
• Sangramentos
• Insuficiência de múltiplos órgãos
• Índice de mortalidade de 20% a 50%

Prevenção e cuidados

A vacinação contra a febre amarela é a principal forma de prevenção. Já no caso da dengue, medidas como evitar água parada e utilizar repelentes ajudam a reduzir a proliferação do Aedes aegypti, transmissor da doença.