Dor menstrual intensa? Pode ser endometriose!
Entenda os sinais e saiba como buscar ajuda médica.

Intensas cólicas menstruais e outros sintomas frequentemente tratados como "normais" podem, na verdade, indicar a presença de endometriose, uma doença inflamatória que afeta cerca de 7 milhões de mulheres no Brasil. Durante o Mês da Mulher, a campanha Março Amarelo busca conscientizar sobre a importância do diagnóstico precoce e do tratamento da endometriose, bem como de outras condições que impactam o sistema reprodutor feminino.
O que é endometriose?
A endometriose é uma doença inflamatória crônica que ocorre quando o tecido semelhante ao endométrio – revestimento do útero – cresce fora dele. Esses tecidos podem atingir órgãos como ovários, trompas de falópio, bexiga e intestino, provocando inflamação, aderências e, em casos graves, cistos conhecidos como endometriomas. Segundo o ginecologista Bruno Ramalho, especialista em reprodução assistida e professor de Medicina no Centro Universitário de Brasília (CEUB), a condição pode levar à infertilidade, dor crônica e alterações na anatomia pélvica.
Fatores de risco
Diversos fatores aumentam o risco de desenvolver endometriose. Mulheres com ciclos menstruais curtos (menos de 27 dias) ou fluxo menstrual intenso e prolongado estão mais suscetíveis. Além disso, o fator genético desempenha um papel importante. "Se a mãe ou irmã tem endometriose, o risco de desenvolver a condição é até sete vezes maior", alerta Ramalho.
Sintomas que não devem ser ignorados
Entre os principais mitos está a normalização das cólicas menstruais, especialmente as incapacitantes. "Se a dor interfere nas atividades diárias, isso é um sinal de alerta", ressalta o especialista. Além de cólicas severas, a endometriose pode causar dor pélvica constante, dor durante as relações sexuais e sintomas gastrointestinais, como diarreia, constipação ou sangramento retal durante o período menstrual.
A demora no diagnóstico pode agravar a doença, comprometendo a fertilidade das pacientes. Por isso, qualquer sintoma suspeito deve ser avaliado por um ginecologista, para que exames específicos sejam realizados e o tratamento adequado seja iniciado.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da endometriose começa com uma consulta detalhada ao ginecologista, incluindo um exame físico. Caso necessário, exames de imagem, como ultrassonografia ou ressonância magnética, podem ser requisitados para confirmar o quadro e auxiliar no planejamento de possíveis intervenções cirúrgicas.
O tratamento pode incluir o uso de hormônios e anti-inflamatórios para controle da condição. No entanto, a cura geralmente depende de intervenção cirúrgica, frequentemente postergada até após a gestação. "O acompanhamento regular com o médico é fundamental, especialmente antes da menopausa", enfatiza Ramalho.
A campanha Março Amarelo reforça a importância de identificar precocemente a endometriose para melhorar a qualidade de vida das mulheres e preservar sua saúde reprodutiva.