A Assembleia Legislativa do Paraná sediou, nesta segunda-feira (10), uma audiência pública que discutiu os desafios enfrentados pelas mulheres em diversos setores da vida, com ênfase em temas como violência doméstica, saúde, maternidade, mercado de trabalho, empreendedorismo, tráfico de mulheres e terceira idade. O evento abriu a agenda do Dia e Mês da Mulher na casa legislativa.

A audiência, que mais do que uma celebração, visou ampliar a conscientização sobre os direitos das mulheres e os obstáculos que ainda precisam ser superados. Deputada Cantora Mara Lima (REP), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e proponente da audiência, questionou: “Temos tanto a comemorar ou temos muito mais a conquistar?” Ela destacou a importância do evento como um espaço para que as mulheres sejam acolhidas e ouvidas.

A violência doméstica foi um dos temas abordados, com Mara Lima destacando os alarmantes números de feminicídios no Brasil, com 1.859 casos registrados em 2024, além de mais de 3 mil tentativas de homicídios. A Lei do Feminicídio, que completou 10 anos no domingo (9), foi lembrada como marco no combate à violência contra as mulheres.

Deputada Flavia Francischini (União), a primeira mulher a ocupar a vice-presidência da Assembleia, apontou a dificuldade das mulheres em ocupar espaços de poder. No entanto, ressaltou a competência das mulheres, que são multitarefas e, ao se dedicarem a algo, fazem com excelência.

Já a deputada Cloara Pinheiro (PSD) comemorou o avanço da procuradoria especial da mulher na Assembleia, que conta com 164 unidades no estado, e falou sobre a força das mulheres. A deputada Marli Paulino (SD) compartilhou sua trajetória política e defendeu que as mulheres podem alcançar tudo, inclusive na vida pública.

Lívia Salomão, 1ª subdefensora pública-geral, destacou a importância de refletir sobre os direitos conquistados e os que ainda precisam ser garantidos, principalmente no combate à violência de gênero.

A desembargadora Priscila Placha Sá abordou a necessidade de uma perspectiva de gênero nas decisões judiciais, destacando a divisão entre os espaços público e privado e a injustiça das funções produtiva e reprodutiva que ainda recaem sobre as mulheres. Juíza Andrea Busato também comentou sobre o aumento da misoginia e da violência de gênero, especialmente à medida que as mulheres conquistam mais espaço nos espaços de poder.

O tráfico de pessoas, principalmente envolvendo mulheres, foi outro tema discutido. Silvia Cristina Xavier, coordenadora do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas no Paraná, alertou sobre o número crescente de mulheres vítimas do tráfico, que envolve desde trabalho escravo até exploração sexual e o roubo de filhos.

O mercado de trabalho e o empreendedorismo feminino também foram pontos de destaque. Adriana Kampa, diretora de Fomento e Renda da Secretaria de Trabalho do Paraná, informou que o estado lidera a formalização do emprego para mulheres, com mais de 70% delas possuindo ensino médio completo. A empresária Mônica Balestieri Berlitz compartilhou histórias inspiradoras de mulheres que, através do empreendedorismo, transformaram suas vidas e a de suas famílias.

Além disso, Larissa Marsolik, coordenadora geral de Políticas Públicas para Pessoa Idosa, ressaltou o envelhecimento da população no Paraná e a importância de discutir o etarismo, que afeta especialmente as mulheres idosas.

Por fim, a médica obstetra Virginia Merlin falou sobre a importância da prevenção na saúde feminina e enfatizou que as mulheres precisam ser protagonistas de sua própria saúde, conhecendo seu corpo e percebendo sinais de alerta.

A audiência pública demonstrou que, apesar dos avanços, ainda há muito a ser feito para garantir igualdade e respeito às mulheres em todas as esferas da sociedade.

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