82% dos migrantes em Curitiba são venezuelanos, aponta SISMIGRA

Rede de apoio local atrai mais de 5 mil refugiados apenas em 2024.

G1 / Redação Hoje Maringá
82% dos migrantes em Curitiba são venezuelanos, aponta SISMIGRA Foto: Rockmillys Basante Palomo

Curitiba continua se consolidando como um dos principais centros de acolhimento de migrantes no Brasil. Dados do Sistema de Registro Nacional Migratório (SISMIGRA) revelam que, em 2024, a cidade ficou entre as 10 que mais receberam migrantes no país. Desses, 82% eram venezuelanos, que têm escolhido a capital paranaense como um refúgio diante das dificuldades enfrentadas em seu país de origem.

A cidade oferece uma ampla rede de apoio que facilita o início de uma nova vida, com serviços que incluem regularização documental, assistência social, encaminhamentos na saúde e inserção no mercado de trabalho. Em 2024, mais de 8.500 migrantes foram atendidos por iniciativas locais, segundo Rockmillys Basante Palomo, fundadora da organização Irmandade Sem Fronteiras, a primeira entidade liderada por venezuelanos no Paraná. Além disso, são realizadas ao menos duas jornadas itinerantes por mês em Curitiba e Região Metropolitana, atendendo entre 200 e 350 migrantes e refugiados com serviços gratuitos.

Rede de apoio e desafios enfrentados

Entre os serviços oferecidos pela Irmandade Sem Fronteiras estão atendimentos online sobre questões jurídicas, documentais e de assistência social. Mesmo sem receber financiamento governamental, a organização se mantém ativa com o esforço de seus integrantes, cujas residências muitas vezes servem como casas de passagem para novos migrantes que chegam à cidade. "Não somos apenas mão de obra barata", destaca Rockmillys, que também chama atenção para a necessidade de maior suporte financeiro e mudança no comportamento em relação aos migrantes no mercado de trabalho.

Ainda assim, a capital do Paraná se mostra como um ambiente propício para o acolhimento. Segundo a professora Roseli Terezinha Boschilia, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), fatores como a oferta de emprego e a presença de familiares residentes na região têm fortalecido o fluxo migratório. Ela também destaca que Curitiba carrega uma imagem de cidade limpa, organizada e multicultural, o que a torna atraente para diferentes grupos.

História de acolhimento multicultural

Esse acolhimento, no entanto, não é uma novidade na trajetória da cidade. Desde o século XIX, Curitiba recebe migrantes de diferentes partes do mundo, como poloneses, italianos e ucranianos, que vieram para trabalhar em atividades agrícolas. Hoje, a maior parte dos migrantes atua nos setores de construção civil, comércio e terceiro setor.

Luan Antochevis, neto de imigrantes poloneses que chegaram ao Brasil fugindo da Primeira Guerra Mundial, relembra as dificuldades enfrentadas por sua família ao chegar no país. Atualmente, ele mantém viva essa memória com o restaurante Nova Polska, que celebra a culinária e tradições polonesas em Campo Magro, na Região Metropolitana de Curitiba.

Desafios contemporâneos e luta por direitos

Apesar da forte rede de apoio na capital, os desafios ainda são muitos. A xenofobia e o preconceito são obstáculos enfrentados por muitos migrantes, segundo a especialista Roseli Boschilia. Além disso, a falta de conhecimento sobre a Lei do Migrante – que assegura direitos básicos – muitas vezes coloca os recém-chegados em situações de vulnerabilidade. O número de migrantes resgatados de trabalho análogo à escravidão também cresceu nos últimos anos. Entre 2010 e 2023, 8% dos casos no Brasil envolveram venezuelanos, conforme o dossiê "Trabalho Escravo e Migração Internacional", da Repórter Brasil.

Serviços disponíveis e iniciativas pioneiras

Curitiba conta com diversas entidades que prestam apoio à população migrante, como o Centro de Informação para Migrantes, Refugiados e Apátridas do Paraná (CEIM), a Casa do Migrante Santa Dulce dos Pobres e a ONG BYENVINI. A cidade também oferece programas específicos, como o curso de Língua Portuguesa para migrantes promovido pela Universidade Federal do Paraná e atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).

A secretária de Desenvolvimento Humano de Curitiba, Amália Tortato, ressalta que migrantes não precisam de documentos brasileiros para acessar serviços públicos. Além disso, mutirões de empregabilidade e atendimentos especializados, como os oferecidos pela Defensoria Pública do Estado do Paraná, são essenciais para a inclusão dos migrantes.

Com uma história de acolhimento multicultural e a persistência de iniciativas como a Irmandade Sem Fronteiras, Curitiba segue como um exemplo de diversidade e resiliência, ao mesmo tempo que enfrenta os desafios de garantir dignidade e oportunidades para todos os seus habitantes.




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