A economia silenciosa do reciclável
Como trabalhadores informais contribuem para a coleta de mais de 75% dos recicláveis.

Em Curitiba, uma engrenagem vital da sustentabilidade muitas vezes passa despercebida: os catadores de recicláveis. Com jornadas exaustivas que podem ultrapassar 12 horas diárias, eles percorrem as ruas da capital paranaense, garantindo a coleta de materiais recicláveis essenciais para reduzir o impacto ambiental.
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Estima-se que mais de 83% dos materiais recicláveis da cidade sejam recolhidos por esses trabalhadores, dos quais cerca de 75% atuam de maneira informal. Essa realidade não apenas reflete a importância desses catadores na cadeia de reciclagem, mas também destaca os desafios enfrentados por uma maioria que trabalha sem acesso a direitos trabalhistas básicos, como segurança no trabalho e benefícios sociais.
Entre histórias que evidenciam a resiliência desses profissionais, está a de Marquinhos, um catador que, diariamente, percorre 60 quilômetros com seu carrinho pelas ruas da cidade. Ele, como muitos outros, transforma a coleta em uma forma de sustento para sua família, enquanto enfrenta a árdua rotina com criatividade – colecionando brinquedos de pelúcia encontrados durante o trabalho.
A informalidade, apesar de predominante, apresenta desafios significativos. Sem uma rede de apoio, muitos catadores enfrentam condições precárias e riscos à saúde devido ao descarte incorreto de materiais perigosos. No entanto, esforços de programas como o Ecocidadão buscam formalizar parte desses trabalhadores, promovendo associações e cooperativas, além de incentivar a adesão ao regime de Microempreendedor Individual (MEI). Tais iniciativas têm o potencial de ampliar os benefícios sociais e econômicos para esses profissionais.
A doutora em meio ambiente Myrian Del Velcchio reforça que a separação correta dos resíduos pela população é essencial para potencializar o trabalho dos catadores. Além de prolongar a vida útil dos aterros sanitários, essa prática contribui diretamente para o sucesso da reciclagem e para um futuro mais sustentável.
Enquanto avanços tímidos ocorrem para melhorar as condições dos trabalhadores, histórias como a de Luana Linhares, ex-catadora que transformou sua trajetória ao liderar movimentos associativos e empreender no setor de reciclagem, mostram que a inclusão e o apoio podem criar oportunidades de mudança de vida.
Com uma coleta seletiva que recicla 22,5% dos resíduos gerados na cidade – índice consideravelmente superior à média nacional de 3% –, Curitiba demonstra o impacto positivo da atuação dos catadores. No entanto, para que o sistema avance, é imprescindível que esforços conjuntos, da população e do poder público, fortaleçam a formalização e segurança desses trabalhadores tão essenciais.