Comunidades indígenas passam por crise alimentar; confira pesquisa
Avá-Guarani enfrentam insegurança alimentar e falta de políticas públicas no Paraná.

Um estudo social realizado pela Defensoria Pública do Paraná (DPE-PR) revelou dados alarmantes sobre a situação de vulnerabilidade enfrentada pelos indígenas Avá-Guarani na comunidade de Yvy Okaju, localizada em Guaíra, oeste do Paraná. A pesquisa, desenvolvida após anos de conflitos de terra na região e marcada por episódios de violência, trouxe à tona uma realidade de insegurança alimentar, dificuldades de acesso à saúde, condições educacionais precárias e moradias inadequadas.
A Insegurança Alimentar em Números
De acordo com os resultados preliminares, pelo menos 90% das famílias indígenas da aldeia vivem em situação de insegurança alimentar. O levantamento indicou que a maioria dessas famílias conta com apenas uma refeição por dia. Esse dado é reflexo da ausência quase completa de políticas públicas voltadas para a garantia de alimentos.
Saúde: Impactos Físicos e Psicológicos
A pesquisa identificou que cinco moradores da comunidade ainda tinham projéteis de bala alojados no corpo como resultado de ataques violentos sofridos em anos recentes. Além disso, muitos relataram impactos psicológicos significativos, especialmente as crianças. A discriminação e o preconceito também foram destacados como fatores que afastam os indígenas do acesso à atenção básica de saúde.
Condições Educacionais e Moradia
No âmbito educacional, a comunidade enfrenta desafios significativos. Há apenas uma escola local com dois professores para atender a um número elevado de estudantes, forçando a maioria das crianças a frequentar escolas não indígenas, onde enfrentam discriminação. Nas condições de moradia, grande parte das famílias vive em casas com apenas um dormitório, sem acesso a água encanada ou banheiros.
Emprego e Renda
Os dados também mostraram que a maioria dos indígenas depende de trabalhos temporários e informais, com uma minoria recebendo entre R$ 2 mil e R$ 5 mil. Esse panorama reflete a falta de estabilidade e oportunidades econômicas para a comunidade.
Ações e Perspectivas
Após os resultados preliminares da pesquisa, a Defensoria Pública tem atuado para conectar a comunidade Avá-Guarani a órgãos públicos, buscando implementar políticas públicas na região. Já foram realizadas comunicações com o Ministério da Saúde e a Secretaria de Estado de Saúde para tratar das questões de saúde, além de propostas para um plano voltado à saúde mental das crianças.
A pesquisa também enfatiza a importância de um plano de ação estruturado que inclua segurança alimentar, melhoria das condições de saúde e moradia, acesso justo à educação e oportunidades de emprego dignas. Esses passos são cruciais para reduzir a vulnerabilidade e garantir o respeito aos direitos das comunidades indígenas no Brasil.