O impacto da hiperconectividade na saúde mental
O uso excessivo de dispositivos móveis e a constante conexão digital têm impactado diretamente a saúde mental da população. Segundo pesquisa da We Are Social e Hootsuite (2023), o Brasil está entre os países com maior tempo de tela do mundo, com média de 9 horas e 32 minutos diários dedicados ao uso da internet em dispositivos móveis.
Esse padrão de comportamento tem contribuído para o aumento de transtornos relacionados à saúde mental, como FOMO (Fear of Missing Out), FOLO (Fear of Living Offline) e nomofobia. O FOMO está ligado ao medo de perder algo ou à necessidade constante de se atualizar nas redes sociais. Já o FOLO reflete a dificuldade de se desconectar por receio de perder algo importante na internet. A nomofobia, por sua vez, é o medo de ficar sem o celular ou de não conseguir utilizá-lo.
O psicólogo Vagner Vinicius Morais de Araújo, da rede de clínicas médico-odontológicas AmorSaúde, explica que esses transtornos estão associados à compulsão pelo uso da tecnologia. “A necessidade constante de verificação de redes sociais e aplicativos gera ansiedade, insônia e dificuldades de concentração”, destaca.

Inteligência artificial como aliada e desafio
Com o aumento dos problemas relacionados à hiperconectividade, cresce também a busca por soluções tecnológicas para o bem-estar mental. No Brasil, o uso da inteligência artificial (IA) na terapia aumentou 120% nos últimos dois anos, segundo levantamento da CB Insights (2023). Muitas plataformas oferecem suporte psicológico instantâneo por meio de chatbots, utilizados por milhões de pessoas ao redor do mundo.
Um estudo da Mindstrong Health (2022) revelou que 30% dos usuários de serviços digitais de saúde mental já recorreram à IA para apoio emocional. No entanto, especialistas alertam que a terapia tradicional ainda desempenha um papel fundamental.
Vagner Vinicius Morais de Araújo atribui esse crescimento à urgência das pessoas por soluções rápidas. “A tecnologia pode ser uma aliada quando usada de forma consciente. No entanto, é essencial não substituir completamente o acompanhamento profissional por essas ferramentas, pois a relação humana ainda é fundamental para um tratamento eficaz”, afirma.

Estratégias para uma relação saudável com a tecnologia
Para minimizar os impactos negativos da hiperconectividade, especialistas recomendam estratégias como a desintoxicação digital, a limitação do tempo de tela e a adoção de hábitos saudáveis, como meditação, atividades físicas e interação social presencial. “Equilibrar a relação com a tecnologia é essencial para preservar a saúde mental e melhorar a qualidade de vida”, aconselha Araújo.
Um levantamento da Digital Wellness Survey (2023) apontou que 70% dos profissionais de saúde mental recomendam reduzir o tempo de tela antes de dormir, e 65% sugerem o uso de aplicativos para monitorar e limitar o tempo gasto no celular. “Criar espaços de desconexão, como deixar o celular fora do quarto na hora de dormir ou evitar mexer no aparelho durante as refeições, são passos importantes para reduzir a dependência e melhorar a saúde mental”, conclui o psicólogo.
O estudo Panorama Mobile Time/Opinion Box (2023) revelou que 43% dos brasileiros sentem ansiedade ao ficar sem acesso ao celular, e 54% checam suas mensagens assim que acordam. Além disso, 58% verificam suas redes sociais mais de 10 vezes ao dia, conforme a Global Web Index (2023). “O bombardeio incessante de informações nas redes sociais tem impacto significativo na saúde mental, contribuindo para o aumento do imediatismo, da insegurança e da insatisfação pessoal”, ressalta Araújo.

Resultados
Os efeitos da hiperconectividade são diversos e podem comprometer habilidades sociais, prejudicar relações interpessoais e contribuir para quadros de depressão e ansiedade. Diante desse cenário, especialistas reforçam a importância do uso equilibrado da tecnologia para evitar consequências psicológicas graves.
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