Traumas podem deixar marcas no DNA e afetar gerações futuras
Pesquisas recentes têm revelado que o impacto de traumas, especialmente os relacionados à violência e ao estresse extremo, pode ultrapassar a esfera emocional e atingir o nível biológico.

Pesquisas recentes têm revelado que o impacto de traumas, especialmente os relacionados à violência e ao estresse extremo, pode ultrapassar a esfera emocional e atingir o nível biológico, alterando a forma como nossos genes se comportam. É o que sugere a epigenética, ramo da ciência que estuda como fatores ambientais influenciam a ativação ou inibição de genes, sem modificar o código genético original.
Um estudo publicado na revista Scientific Reports, realizado por cientistas da Universidade da Flórida (EUA), investigou famílias de refugiados sírios afetadas pela guerra. A análise de DNA de avós, mães e filhos mostrou que mulheres que vivenciaram episódios traumáticos apresentaram 21 marcadores epigenéticos específicos, enquanto seus descendentes – que não foram expostos diretamente aos traumas – exibiram 14 marcadores similares. A descoberta sugere que as marcas epigenéticas podem ser herdadas ao longo de gerações.
Em experimentos anteriores com camundongos, cientistas já haviam constatado que mães expostas a choques elétricos durante a gravidez transmitiram medos específicos às suas crias, mesmo que fossem criadas separadamente. Os machos também carregavam alterações epigenéticas em seus espermatozoides, reforçando a ideia de que traumas vividos por um dos pais podem influenciar os filhos geneticamente.
Na prática, isso significa que os traumas não são passados como uma memória direta, mas como uma predisposição biológica para reações intensificadas ao estresse ou ao medo, por exemplo. Essa herança não é um destino imutável: fatores como alimentação saudável, ambiente seguro, apoio psicológico e práticas de autocuidado podem atenuar os efeitos epigenéticos negativos.
A epigenética é influenciada por aspectos diversos, como condições ambientais, estilo de vida, histórico de doenças e fatores socioculturais. Apesar dos avanços, os cientistas alertam para a necessidade de mais estudos com amostras maiores e por períodos mais longos, a fim de compreender completamente os efeitos dessas alterações ao longo do tempo — inclusive no envelhecimento precoce, que pode estar ligado à metilação do DNA.
As pesquisas reforçam a importância de políticas públicas que ofereçam suporte a populações expostas à violência e ao trauma, principalmente mulheres e crianças. O passado, tanto individual quanto coletivo, pode estar registrado em nossos genes de forma mais profunda do que imaginávamos.
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